Ela era de parar o trânsito. Loira total. Do primeirinho ao último fio de cabelo daquele maravilhoso corpo escultural que deixava a rapaziada babando por onde passava.
Mas encontrou um colega de trabalho que não gostava da fruta e passou a sofrer os mais variados vexames no gabinete do Ministério onde trabalhava.
Os nomes aqui serão fictícios, por razões óbvias, mas não muito. Vamos aproximá-los ao máximo dos verdadeiros, com algumas características que não devem ser omitidas.
Apenas uma dica: foi no Ministério da Saúde, não na gestão atual, isso ocorreu há um bom tempo atrás, que fique bem claro. Marizete, vamos chamá-la assim, - o nome verdadeiro também terminava em ete, dava mole pelos corredores do Congresso, em busca de uma alma boa que lhe desse aconchego e um contracheque.
Já o servidor de carreira, Wanderley, assim mesmo - com w e y, como gostava de ressaltar, não admitia sacanagem de nenhuma forma no ambiente de trabalho.
Os dois vão se encontrar pela primeira vez num dos corredores do Ministério, numa tarde chuvosa brasiliense, logo depois que ele avistara o rebolado escandaloso dela na entrada do prédio.
Jamais imaginaria que aquela víbora iria sentar-se ao seu lado, minutos mais tarde, em seu território sagrado do gabinete ministerial. Mas isso é coisa pra se contar mais adiante, porque agora Marizete ainda rebola pelas vizinhanças da casa do povo.
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Ela chegava cedo, tipo nove, dez da manhã: vinha de metrô, da Ceilândia, cidade-satélite a 40 km de Brasília. Descia na rodoviária, tomava um ônibus, e saltava na parada da Esplanada que fica ao lado do Congresso Nacional.
Tirava o salto alto da bolsa, guardava o tênis, e encarava a galera com o vigor de uma rainha de bateria. É que, não lhe faltavam atributos, a começar pelo bumbum nota dez.
Não perdoava nem contínuo. O desempenho era o mesmo para senador, deputado, aspone e afins.
Um rebolado de calar um plenário inteiro em dia de votação de medida provisória.
O ponto alto era em frente à escada rolante da câmara, quando fingia se abaixar para pegar algum papel. A escada parava. Marizete atravessava o Túnel do Tempo - aquele longo corredor do senado federal, como se não existisse nada em volta a não ser suas pernas abençoadas.
E foi numa dessas voltinhas que ela fisgou um assessor parlamentar, experiente olheiro de ministro para essas ocasiões que, terminou por convidá-la a trabalhar na pasta da Saúde.
Marizete topou na hora, mas com algumas condições:
1.não sairia com o assessor antes da nomeação. 2. depois seria fiel apenas ao ministro. 3. Também queria carro pra levá-la em casa. 4. plano de saúde sem carência para a mãe doente.
Tudo, claro, foi aceito pela autoridade constituída, pois não devemos esquecer que, toda essa bufunfa sai dos quebrados cofres públicos.
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Primeiro dia no Ministério e já deu de cara com Wanderley, afobado, tremilicado, apressado. Os dois trombam de leve no corredor. Wandeco de-tes-tou. Desejou nunca mais rever aquela loira bunduda.
Mas como vimos há pouco, a vida não é bem assim, e os dois sentam-se à mesma mesa do gabinete.
Os colegas sentem o ambiente carregado e tentam amenizar o quadro antecipando o lanchinho do meio da manhã. Iogurte, granola e um bolinho de nozes que a mãe de Wanderley oferecia de vez em quando aos colegas. Mais ainda para aqueles que compravam os produtos de beleza que dona Arminda vendia para ajudar a pagar os estudos do filho prendado.
Foi um lanche seco, duro, amargo.
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E assim serão os dias daqui pra frente. Guerra.
O gabinete virou faixa de Gaza. De um lado, Marizete, com todo o apoio da chefia, com seu armamento pesado, levando trabalho pra casa do ministro; e, do outro, Wanderley, com meia dúzia de pedras na mão, tentando cumprir o regimento, cobrando as faltas e os atrasos da nossa gostosa ministerial.
Chegou até a pôr o nome dela na boca do sapo, no terreiro de pai Dimdim. Deixou cabelo da loira no sereno dentro da lata de leite Ninho. Enfim, fez misérias pra ver se o feitiço saía de cima do chefe.
Marizete apenas vivia o momento mágico. Renovou o guarda-roupa, alugou um Ford K, e ganhou até celular pré-pago com wifi. O ministro havia endoidado o cabeção. Era mulher pro ano inteiro.
Num péssimo dia, Wanderley avisou à esposa do ministro. Quem contou foi um sobrinho escolado, hacker total, via e-mail.
Marizete levou umas bolachas, na feira da Ceilândia, de um desconhecido, que mandou ela se mandar da capital federal se não quisesse aparecer com a boca cheia de formiga junto com a mãe e tudo.
Wanderley se fingiu de morto por um tempo, daí acabou o mandato do ministro, e agora é esperar que outra gostosa e outro candidato do povo façam mais um ninho de amor no gabinete.
Postado por Roberto Borges
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
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